sábado, 27 de fevereiro de 2016

Jesus Cristo Realmente Suou Sangue?



Esse artigo eu copiei integralmente  de Richard N. Holzapfel Church History, segue abaixo.





Num Blog recente, fiz um esboço da história dos manuscritos mais antigos do Novo Testamento. Já que não há um texto (autógrafo) original que tenha sobrevivido a devastação dos tempos, os eruditos estão tentando reconstruir os textos através da examinação apurada de mais de 5.700 manuscritos em grego que não são nem cópias dos autógrafos originais nem cópias das cópias. Também destaquei o fato de que alguns do materiais que se encontram na Versão do Rei James, de 1611, são de manuscritos de uma época bem posterior aos escritos originais. Desde 1611, cópias mais antigas dos manuscritos do Novo Testamento foram descobertas, ilucidando fatos importantes referentes a transmissão do textos, inclusive mais conhecimentos sobre a corrupção (omissões e acréscimos) dos textos.
Com referência a uma passagem famosa, a de São Lucas 22, Bart D. Ehrman, autor de The New Testament: A Historical Introduction to the Early Christian Writings [O Novo Testamento: uma Introdução Histórica aos mais Antigos Escritos Cristãos] (New York: Oxford University Press, 2008), argumenta que os escribas adicionaram o detalhe do Salvador ter “suor que se tornou em grandes gotas de sangue que corriam até ao chão” (Lucas 22:44). Ehrman diz: “Esta imagem de Jesus ‘suar sangue’ . . . só se encontra em uma passagem do Novo Testamento, Lucas 22:43-44, e esta passagem não está presente nos melhores e mais antigos manuscritos do Evangelho de Lucas.” Ele continua: “Parece, de fato, que aquilo foi acrescentado ao relato de Lucas por escribas que queriam enfatizar a plena humanidade de Jesus e seu grande sofrimento humano. Para aqueles escribas Jesus não era meramente um ser divino que podia elevar-se acima das provações e tribulações desta vida: ele era humano em todos os aspectos e sofrera o tipo de agonia que qualquer de nós poderia sofrer se soubéssemos que logo seríamos sujeitos a uma morte excruciante e humilhante por crucificação. Embora esta pareça ser o ponto de vista dos escribas do sofrimento de Jesus, não é o de Lucas” (491). Ehrman e outros pesquisadores especulam que este versículo foi introduzido ao Novo Testamento por volta do quinto século AD.
Os Santos dos Últimos Dias, bem como outros leitores conservadores do Novo Testamento, continuam a aceitar o relato pungente de Lucas do sofrimento em Getsêmani e não estão dispostos a tirar este material do relato das últimas vinte e quatro horas de vida de Jesus. Além disso, as escrituras da Restauração confirmam o relato de Lucas, dando mais motivo ainda de conservar o relato sobre o suor de sangue (vide Mosias 3:7; Doutrina e Convênios 19:18).
Um erudito do Novo Testamento brilhante e eloquente recém questionou a afirmação de Ehrman. Thomas A. Wayment, meu colega de BYU, publicou um estudo inédito num dos periódicos mais prestigiosos que trata de estudos do Novo Testamento, com relação a um fragmento de papiro do terceiro século (P69). Ele argumenta: “O fragmento foi sujeito a correção subsequente de escriba em pelo menos duas ocasiões” (“A New Transcription of P. Oxy. 2383 (P69),” Novum Testamentum 50 [2008], 351). Wayment descobriu através da tecnologia de imagiologia multi-espectral (uma tecnologia desenvolvida pela NASA e primeiramente aplicada ao estudo de manuscritos antigos pela BYU) que um escriba do terceiro século que copiava outro manuscrito começou a escrever o relato do sofrimento de Jesus e logo se corrigiu, ficando o texto como está em Lucas 22. Isso significa que o relato do sofrimento de Jesus era bem conhecido até no terceiro século. Devido à pesquisa cuidadosa de Wayment, temos que re-avaliar a ideia proposta por Ehrman de que um escriba do quinto século incluiu mais palavras nesta passagem por motivos teológicos.
Este artigo de Wayment é significante. Primeiro, assinala uma nova aurora na erudição Santos dos Últimos Dias. Através de eruditos Mórmons do Novo Testmento bem-treinados, como Wayment, podemos agora nos envolver inteiramente num diálogo escolástico mais amplo acerca do Novo Testamento. Segundo, este artigo destaca a importância da imagiologia multi-espectral no estudo do Novo Testamento. E por final, este estudo levanta sérias dúvidas sobre as afirmações dogmáticas por parte de alguns estudiosos a respeito de como era o manuscrito original do Novo Testamento. Naturalmente, os estudos em andamento dos manuscritos gregos do Novo Testamento e dos fragmentos podem trazer mais conhecimento ainda a respeito da história de Jesus em Getsêmani.

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